sábado, 3 de setembro de 2016

Boom on lost theory

Bem, nem sei por onde começar, ando sem palavras e ainda a colocar as ideias em ordem, no entanto só consigo agora vir escrever pois os ultimos dias tem sido uma desgraça.
Resumindo, ehehe, nunca confiem quando eu digo isto.
Sai de Sintra a caminho da terra do meu pai a fim de visitar a minha linda e preciosa avó na terra primitiva onde quiseram fazer o Boom.
Depois de ter passado a madrugada a guiar debaixo de uma chuva brutal de meteoritos ao fim de sete horas cheguei a Monsanto.
Após uma hora de conversa, olhos nos olhos, a minha avó Jesus, mantem aquela serenidade inabalavel de quem já perdeu dois filhos e o marido, os seus olhos azuis quase que me entram pelo corpo dentro. Sempre foi assim, não me lembro de ver a minha avó zangada, de falar alto ou de falar muito, lembro me sim, dos seus olhos penetrantes de cada vez que eu e o meu primo faziamos merda.
Avó, querem fazer a festa das bruxas na terra das bruxas, disse lhe. Ai sim, respondeu, pois que a façam, a bem ou a mal, terão o seu retorno. Não te deixes influenciar, cuidado e abençoou me, passa lá em casa, leva o que quiseres e vai. Paz do Senhor esteja contigo, concluiu. Mulher de poucas palavras.
Seguiu se viagem, fui ter ao outro lado da barragem, na Idanha, ao Anti Boom.
Encontram se logo as almas benditas que não tem pulseira, os que entraram e foram levados a mais de 30 km do recinto pelos seguranças porque foram apanhados, as cargas de porrada que alguns levaram porque tentaram entrar segunda vez, pessoal que foi enganado pois os bilhetes são personalizados e há quem tire copias dos ids para poderem entrar na candonga, bem, só filmes, já pra não falar nas mortes que ocorreram durante os cinco dias de Inferno. O mundo não é perfeito, talvez o reflexo do seu criador.
Previne te, pensei eu, isto vai ser o faroeste.
Manti a postura e no dia seguinte, no bar do sitio, montei a banca, foi rapidissimo o convivo com um moço também artesão e daí resultou a forma de poder conhecer os restantes intervenientes do envolvente naquele magnifico local com agua transparente.
Devido ao meu estado anti social, falo o necessário, vendo o que consigo e cago no resto, deixando o povo chegar se. Nunca fui de consumismos e o bar do sitio não é a minha praia, dai pus me de fora com os tarecos e não foi preciso muito para virem ter comigo.
Conheci pessoal altamente, isso sim. Levei uma massagem divinal de uma argentino super simpatico que me levava com ele, achei giro a facilidade com que o pessoal se relaciona e já está, fugimos amanhã.
Declinei, não vou a festas para engatar, vou a festas pa me divertir.
E esta foi uma lição e tanto.
Conheci um tipo que parecia a minhoca da Alice no Pais das Maravilhas que me ajudou a canalizar uma quantidade de coisas e estando eu de fora do bar no domingo á noite descontraida no meu tapete magico, nisto ouço atrás de mim pessoal a olhar pro ceu e a admirarem se do fenomeno. Juro que pensei estar a tripar, mas não. O ceu abriu se e de lá saiu um cometa que atravessou todo o espaço envolvente do anti boom. A lingua soltou se, depois de um banho de prata e a quem a telepatia tocou, aposto que fez efeito. E quem não a aceitou, fodeu se.
Nisto, o pessoal admira se porque não está á espera de uma relevação destas in loco. Nem eu propria estava á espera de uma cena destas, sou mulher de pouca fe, eu sei. Não sei onde tinha tanta energia acumulada, as minhas mãos escavavam um buraco se fossem caterpillars
Adiante, depois de uma quantidade de dias a ouvir o tecno do inglês e de ver o pessoal a tentar encontrar o melhor partido do pedaço, decidi que no ultimo dia ia entrar só pa ver a imensidão do recinto do shamanismo.
Entrei, dancei até de madrugada e quando quis voltar esquece lá o assunto.
Apanhei um tractor e saí pelas gates principais, pois o caminho de entrada já era.
Quantos km são até ao outro lado da barragem, perguntei eu á policia, Epah, isso são uns vinte km, mas... mirando me de alto a baixo, você quer ir para o outro lado da barragem?
Quero sim. Bem, siga esta estrada.
Não dando mais conversa, sigo caminho, já a dizer mal da minha vida, pois fazia já intenção de chegar ao final da tarde, debaixo de um calor abrasador. Andei meia hora, sempre de dedo na estrada.
Ao fim de um km, parou a Raquel, de carro vazio e sozinha.
Yô, maninha que andas a fazer debaixo de um calor destes? Epah, vou pó camping do anti boom. Entra, chavala, eu levo te.
Siga viagem, grande Raquel, deixou me no camping, o Universo tem destas coisas fodidas.
Ao chegar, já tinha gente á minha espera, pois os que queriam entrar forjaram pulseiras, não quiseram arriscar, eu fui sem nada e esperaravam as boas novas.
Não é de todo a minha cena, o psicadelico é uma industria e já disse tudo.
Experimentei uma cena que te dá umas visões metamorficas, aposto que há pessoal agarradissimo a esta história, isso sim parece me bom para curtir o sonoro, trouxe uma beca pa curtir a Serra de Sintra.
Gosto da musica, mas são muitos dias a ouvir a mesma merda do toing toing tumz tumz, No Domingo então, o som estava cavernoso. Chamem me o que quiserem, não é pra mim, com o psicadelico é preciso muito cuidado. Aqui a floresta é muito mais interessante.

Ainda a procissão vai no adro.

Reuni as coisas e em contacto com um pirata e companheiro de viagem decidi sair de Idanha e rumar a Rio Malo de Bajo perto de Salamanca para tentar a sorte na venda num outro festival Lost Teory.
Comprámos o espaço da venda mais as pulsieras, eu, o moço Fernando, viajante em mais de 60 paises e o Jeferson, ambos artesãos e vendedores de pedras semi preciosas.
Siga a marinha, Lost Teory, aqui começa o descalabro. Chegámos dois dias antes do festival começar para podermos abrir a tenda e fazer as cenas.
Ao ver chegar gente, começo rapidamente a perceber quem é quem dentro destas andanças dos festivais, @s cromos, os vendedores, os engatatões, @s da moda, vedetas, charlatões e etc, vale o numero de festivais percorridos muito como moeda de troca e rasta, muita rasta, quase um concurso para ver quem as tem maiores.
As meninas que tem a testa cheia de buracos pois são o reflexo da sua carencia afectiva em relação aos demais, os tipos que passam e fazem olhinhos como se quisessem violar a menina do olho.
Grande disciplina de sentimentos, grande necessidade de imunidade para não me deixar levar, também sabendo que estava bem acompanhada, nada me faltou e quando digo nada é nada mesmo, sabem. Tudo â disposição, ali querendo se anda se pedrado o dia todo, a noite toda, os dias todos, há quem não durma durante os dias do festival, depois chegam ao barraco sem conseguir dizer pão, quem chega, né, há pessoal que faz vida disto como o Fernando que conhece meio mundo e dentro destas andanças tem mais andamento que uma roleta de casino.
Conheci um italiano brutalissimo que me passou a especial K onde andei a navegar durante duas horas dentro da mala do meu carro, com energia canalizada por Aynara que me impôs as mãos sem saber o que estava a fazer,  acho que nunca tinha viajado com tanta força, sai de mim umas trinta vezes e desconheço a maioria dos sitios onde andei, sei que voei por cima do rio, por cima das pistas, por cima de tudo, ao aterrar, tinha uma malga de comida de duas amigas da banca da frente, todo o pessoal foi cinco estrelas, percebeu a minha cena a e ajudou me. A minha cabeça aguenta pouco estas merdas, mas esta era purinha e voei mesmo. Não gosto de viajar muito com drogas, agora que percebo como isto funciona, mas esta foi fortissima.
Dias maravilhosos estes do festival, tirando a enfermidade que nos efernizou os intestinos o qual ainda estou em convalescencia. A agua do rio estava poluida. Poucas casas de banho, chuveiros...
Muito pó, também, muita falta de higiene no bar, uma grande merda porque foi uma epidemia. Gente gira, como todos os que eu já falei acima, os do deboche então, não queiram nem saber.
Musica boa para o bombanço, exorcizei os espiritos no dia anterior da abertura, mais uma noite e caguei no resto. O descontrole é muito.
Ansiosa por que terminasse a festa ao fim do terceiro dia de musica consecutiva, dou comigo a ser vitima do virus que rodeou o ambiente e deixou imensa gente furiosa pelo preço do bilhete e terem andado quatro dias de vomitos e caganeira. Terminado todo este andamento, tenho o carro carregado e em oito horas de viagem até Sintra, tenho dois pneus rebentados, um reboque chamado mas tudo a correr bem. Nunca me senti tão contente por ter passado a fronteira, longe de todos os sentimentos patriotas. Chegada a casa, sã e salva com toda a realidade a acontecer, digo pra mim mesma: Não me apanham noutra tão cedo. :D

Ficam por aqui as memorias em mais uma viagem ao meu interior.

A Tribo que se juntou

 Os Companheiros de Viagem no regresso a casa 



Benvinda.





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