sexta-feira, 20 de maio de 2016

A cura

Passei demasiado tempo fechada na elite underground e quando te começas a dar só com determinados gêneros de pessoa, tornaste como eles, por isso os nomadas têm a sabedoria de não permanecerem no mesmo sítio por muito tempo, dizem eles no seu folclore que afasta as más energias. A filosofia do efêmero volta a fazer me sentido, ao fim de quase vinte anos de consumo imediato. Abri os portais da percepção muito cedo, mas fechei os portões à comunidade. É como se nada fizesse já mossa, mas os meus ossos ao fim de uma semana livre mostram me que já não são os mesmos. Sempre fui contra elites, mas acabo a perceber que neste tempo todo percorrido desde que as ruas foram a minha casa, que afinal sempre pertenci ali. É uma elite.
Embora suja, o secretismo sempre foi o principal principio, eu quebrei o e eles não gostaram. Não me importo, mas acabei a interiorizar esse medo e esqueci me que existe mais gente pra além daquele pequeno círculo vicioso que fazem questão de promover. Acabo a pensar que sou um pária sem tribo, sem identificação, nunca foi essa a intenção mas a própria sociedade obriga te indiretamente a pensar dessa forma. Não me importo e aqui reside o meu niilismo. Quero mais que a vossa moral se foda, no fundo não são capazes de fazer nada sozinhos e ai reside a minha dificuldade agora. O karma existe, essa merda existe mesmo e quanto mais o negas, mais ele vai fazer questão de te mostrar a realidade. Realidade, tem sido choques de realidade até agora e a minha capacidade de resiliência não sei se funciona. Vai ter de funcionar, embora perra, funciona. Resta me essa última alternativa e única. Não existe medo, disse eu há algum tempo, quando a minha auto confiança estava em altas, o meu optimismo contagiava os e a minha alegria, moeda de troca. Pois para perceberes o quanto tais em baixo, rapidamente vens ao de cima, relembro as raizes do conhecimento, onde a parábola diz mesmo, a árvore da sabedoria, proibida, em sentido g figurado, claro, a fazer jus ao "quanto mais profundo o conhecimento mais forte o poder, mas se tiveres que descer ao inferno, as dores vão ser na mesma proporção. É isto que me está a acontecer e tudo se paga cá, nesta vida, não se leva nada quando vais de viagem. A solução é não pensar muito e pensar que essa elite já não existe, é deixá los, o pior é quando são eles que não te deixam, de uma maneira ou de outra, vão estar sempre presentes e o que mais me irrita é continuar a confundir o todo por um, de deixar de camuflar esta dor e ir em frente, existem tantas pessoas diferentes no mundo. Sair da zona de conforto. E depois eu já não quero nada com eles e percebo a capacidade de manipulação de alguém com mais experiência pode fazer. E funda se assim mais um alicerce roido. Funda se assim o jet set podre e libertário onde a fama fala mais do que a prática de conselhos. E eu, não quero nada com isso, não me vendo.




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