segunda-feira, 11 de abril de 2016

Amig@s colorid@s, relações modernas e namoradinhas troféu

Há dias encontrei uma amiga e fomos até beber um cafezinho pois a conversa tornou-se deveras interessante pelo facto de me ter confessado algumas situações da sua vida.
Chamemos lhe Olívia.
Olívia tem um "amigo especial" que chama de namorado, pra mim de namorado tem pouco, mas adiante.
Olívia vive sozinha e sem filhos, tem um jovem que vê duas vezes por semana, quando lhe perguntei o que esperava daquela relação, respondeu me: "nada"
Nada!? Então,  mas não fazem planos de um dia ficarem juntos?!
Não, respondeu, assim não tenho compromissos nem sequer quero assumir responsabilidades.
Como!? Mas ele vive onde!? No Canadá!? pergunto.
Não, pah, vive a dez kilometros da minha casa, faço lhe um jeito de vez em quando e tá bom!!!
Bem, saí dali a querer vomitar.
São as chamadas relações modernas, ahahah, sério pah. Mesmo depois de lhe ter perguntado sobre o facto dele ter um filho de jma outra relação se isso influenciava de algum modo a forma como vê a relação que tem, respondeu me: Eu!?!? Aturar os filhos dos outros!? Não, pah, ele que o ature, já me chega ter de fazer o frete de levar com ele e ter aquelas descargas de consciência só por ficar com o puto umas horas!!
Bem, pensei eu, o mundo anda bonito, cada vez mais!
Ao fim, perguntei: "Então, e achas bem, andares a iludir o moço!?"
Não o iludo, afinal de contas ele é que se ilude, nunca lhe prometi nada, assim tá bom, damos umas voltinhas e pronto, epah, não imaginas o que poupo em saídas nocturnas para trazer um engate pra casa.
Fiz um esforço enorme, para não descambar logo ali. No fundo, não tenho nada a ver com isso, mas não deixa de ser preocupante, amizades coloridas chamadas de relações. Não vomitei, achei que o meu vômito era demasiado precioso.

O Manuel, o Manuel é um gajo porreiro, encontrei o no comboio a caminho de casa, vinha todo contente com a sua namorada ao lado, inchado que nem um pavão, porque finalmente encontrou alguém que o compreende. Menos mal, ao menos isso, disse lhe eu.
"Sabes, Ana, na verdade, eu só a arranjei porque sou um tipo sozinho e os meus amigos já estranham o estar só durante tanto tempo, nunca tive muito jeito pa miúdas, esta é uma miuda fixe, estamos juntos quando me convém e ela também.
Ok, disse eu, estou a ver o destino que vos reserva. A miuda era bem gira, mas duvido que se deixe enganar por muito mais tempo. O Manuel é o típico gajo preocupado com a sua reputação  e o seu sentido de status quo junto dos amigalhaços é a sua maior preocupação. Não admira que aos 38 esteja sozinho.

Vim pra casa. Vim pra casa a pensar nesta gente, que na verdade só fazem o que lhes convém, acham que perdem a sua liberdade se por obra do sentimento poder ser mais forte. Nada contra,  quem sou eu para dizer seja o que for, fui adepta do poliamor durante anos e só por volta dos trinta é que finalmente percebi que não era a minha onda, fartei me da conveniência, do ter que dar em troca o que recebia, das obrigações, das regras, no entanto não faz sentido ser poliamorosa, senti me mal a engana los. E não foram dois, nem três, nem quatro, perdi lhes a conta na minha insessante busca pelo tal, o que substituísse a dor de ter perdido o meu grande amor da adolescência. Via em todos, pequenos pormenores que me faziam lembrar o verde água dos seus olhos, as mãos grandes, a voz, o corpo, até a roupa. Em vão, querer reunir em alguns aquilo que é só um, nunca deu bom resultado. Há anos atrás apaixonei me, a sério, como se tivesse renascido das cinzas e deixei o poliamor, a sensação de partilha não fazia sentido, fizemos planos, saiu tudo furado, os ciumes foram mais fortes e tudo se desmoronou. Acabei sozinha e deprimida, o sonho tinha terminado e jurei a mim própria tatuar a dor da separação, o ter me deixado levar, logo eu, que os levava a todos. E jurei a mim própria também terminar a busca. E terminei. E jurei e jurei e jurei. Jurei tanto que me tornei cada vez mais independente a nível de sentimentos, ainda hoje o sou, aprendi à minha custa, palavras do meu pai que me avisou tantas vezes. Hoje, tenho a certeza que nenhuma das relações relatadas acima é a minha cena, tenho uma filha e se tomei a responsabilidade de querer ser mãe solteira, então bora cumprir, o que tento fazer todos os dias, obvio que a minha mãe tem sido a minha grande ajuda. Não quero, não preciso de relações à distância, nunca gostei disso, acredito piamente que nos tira a intimidade e a confiança. O facto de não me sentir à vontade tira me do serio, o ter dias próprios para fazer amor, é uma cena descabida. Fico sempre desconfortável. Aquela sensação de invadir o espaço do outro.... não!!!!


A Carla tem três filhos, o Gui não é pai deles e consegue ser mais pai do que o falecido. Gostava de ter um Gui na minha vida, admito, alguém que mesmo não tendo a felicidade de ser pai, consegue ter tanto amor pra dar que não tem medo de perder a liberdade que conquistou ao lado dela. Estão juntos há mais de dez anos, encontrei a na paragem junto ao colombo, ia trabalhar.

Existe uma grande diferença entre ter um namorado e ter um companheiro.

Nunca tive medo de amar, aliás, a minha definição de amor é muito diferente da maioria. O amor verdadeiro não prende, antes pelo contrário, faz par com a liberdade e se a pessoa que está ao teu lado não percebe isso, então, não é a pessoa certa. Muito há pra dizer sobre o amor, o amor, aquele sentimento que nos invade a alma e nos transcende, o sentimento voraz que te faz sorrir cada vez que a parvoíce te assalta. O sentimento que a maioria tem medo, porque simplesmente não estão preparadas para assumir que amam, verdadeiramente e se for verdadeiro nada pode destruí lo, antes pelo contrário, cada vez mais queres estar com aquela ou aquelas pessoas, sou monogâmica, estou a ficar velha segundo alguns para tanta confraternização. Acho que sim, chega aquela altura da tua vida em que percebes que os namoros são coisas de adolescentes e em matéria amorosa, sou mais velha do que imaginam, já passei por tanto e continuo a acreditar que sozinha não fico, terei sempre aquela estrelinha que lá em cima olha por mim, acredito que um dia nos voltaremos a ver, o amor não é carnal, é espírito. Por isso não tenho medo, nunca tive nem nunca terei. É feito de sacrifício, de saber colocarmo nos no lugar dos outros, o fazer de boa vontade, sem cobranças, sem ilusões.  E se o espírito não estiver em ti e se essa transformação não está no teu coração,  nunca vais valer nada, nunca vais ter nada e a solidão será sempre o teu pior aliado.

Aprendi à minha custa, como tantas vezes o meu querido pai, avisou. E ainda hoje... aprendo... 

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