sábado, 14 de março de 2020

Carta ridícula!

Não consigo verbalizar alguns sentimentos...
Sinto cá dentro um aperto, sempre que penso em ti...
Transformaste me em ouro e eu ia tendo um treco...
Sabes aquele arrepio na espinha, como se alguém me tivesse passado a ponta dos dedos pela minha coluna?
Tu sabes que não sou louca varrida, aliás a vassoura só serve para espantar as aranhas das minhas janelas e mesmo assim barricam me a casa todas as segundas feiras.

Será assim tão difícil pra mim, assumir que a paixão me pode voltar a envolver?
Isto passa!

Será que passa?!

A suavidade do algodão!
O amor faz mal?!

Nahhhhh!
Nunca fez!

A insustentável leveza do ser, o amanhecer sombrio em que me escondo por entre as algas mais coloridas do meu mundo perdido.

Estarão as sereias mortas?!
Chamei as a todas!
E todas me disseram o mesmo!
Sem medos, Anaise!
Sem medos!

Se nunca o tiveste, porque razão o voltarias a ter?!
Escondi te nos montes de argila!
As cascatas puras por onde passei, dizem me que todas as pedras coloridas que encontrei no caminho têm todas uma história!

No meu mundo perdido, não há polvos maus!
Até os tubarões me vieram visitar na minha clausura!
Por isso, nenhum deles me morde!
Os golfinhos são a minha companhia por vezes!
Gritam me aos ouvidos e levam me a ver a barreira de coral.
No outro dia, quando emergi, trouxe umas quantas serpentes, mas ninguém quis ficar com nenhuma!
As pedras negras onde os ogres se encostaram ferveram lhes as costas!
Não conseguem sair do mesmo sitio!
E ouviu se a voz do trovão, um dos meus melhores amigos!
Abriram um brecha no oceano e de lá saíram as minhas amigas que estavam presas num turbilhão de medusas.
Não gosto de medusas!
As que se personificam, transformaram se em pedra de sal!

Assim ficamos todos mais descansados!
O meu coração voltou a bater!
E livre das outras que se sentem incomodadas com a fina corda de ouro que trago à volta da minha cabeça.
É feita de coral, coral luminoso, onde as pedras são transparentes.

Só falta encontrar te no meio de tanta confusão!
Não quero voltar muitas vezes à superfície!
O mundo submerso é muito mais  divertido!
Não me conseguiram tirar a voz!
A voz que os confunde e que a mim me conforta!

Adorava trazer te ao meu mundo perdido, mas não sei se sabes nadar!
Talvez te visite de noite, como da outra vez que me quiseste mostrar a tinta que tens posta!
Aposto que já não deves ter pele para tanta agulha!
E fazia como as aquele anuncio das paginas amarelas!
Vá pelos seus dedos!!

O amor nunca poderia ser ridículo!
Tal como Pessoa escreveu, se fosse ridículo, não seria Amor!
E o amor não é cego!
Cego é quem não tem amor e quem nunca se deixou amar, com medo do que os outros possam dizer!

Gosto dos teus olhos azuis!
Da cor do mar!
E da parvoíce!

Vim só aqui escrever, porque sei que nunca vais ler isto, vai ficar no segredo dos deuses!

Porque só devem estar loucos!








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