quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Morte anunciada








A morte anunciada soprou lhes aos ouvidos
Soltam se os uivos na escuridão
As orbitas saltam pela voz do fogo
Condenam se á luz do trovão

 Emboscadas foram feitas
 Na veia do sangue sagrado
 Foge da sua loucura
 Treme de medo o enclausurado

 Encruzilhadas foram montadas
 Bebendo a agua doente
 Na sombra do carrasco
 Urge a gloria de uma negra frente

 Maldições nas veredas
 Criadas pelas mãos de uma ceifeira
 Correm livres e singelas 
As belas feiticeiras

 Altares destruídos
 Gritos de desespero
 Pela liberdade conquistada
 Numa terra prometida

 Ouve a voz do trovão
 Cria a tua propria sorte
 Ouve a voz do trovão
 Pela anunciada morte

Barricam se os inocentes
Entre terras  sangrentas
Bandeiras são erguidas
Manchadas de viscerais tormentas

 Almas que nunca surgem
 Na sombria peste
 Sentimentos de raiva
 Perseguindo uma alcateia

 Ouve a voz do trovão
 Cria a tua própria sorte
 Ouve a voz do trovão
 Pela anunciada morte

 Rebentam as ruínas
 Do sistema inoculado
 Entregam se as hostes
 Corroendo o sentido degradado

 Fortes, livres e sedentos
 Criam se novas fortalezas
 Frente negra assinalada
 Destruindo as realezas

 Ouve a voz do trovão
 Cria a tua própria sorte
 Ouve a voz do trovão
 Pela anunciada morte 

 Nojenta a fome
 Que corroi os ossos
 Embustes sombrios
 Nas vestes da podridão
 Ouve a voz do trovão




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